Pe. Caetano Minetti de Tillesse sacerdote belga que chegou ao Brasil para a realização de um sonho que, certamente, foi gerado nos muitos anos de oração e silêncio no Mosteiro Cisterciense de estrita observância em Orval (Bélgica) e que se tornou realidade quando chegou ao Brasil após longo e difícil discernimento de como deveria viver sua vocação após o Concílio Vaticano II.
Como o Mosteiro não poderia enviar dois monges para o estudo de Bíblia, Pe. Caetano teve que se especializar tanto no Antigo como no Novo Testamento. Sempre nos fala da riqueza desse estudo, que para ele foi a possibilidade de ter uma visão completa da Escritura. De volta à Bélgica, ensinou Bíblia no Mosteiro durante 11 anos.
Após o Concílio Vaticano II, refletiu seriamente, tanto pessoal como em comunidade, sobre a possibilidade de se fazer uma fundação diferente e renovada, porém inserida no meio dos mais pobres na América Latina. Para fazer um julgamento adequado do que deveria fazer, foi a Paris para um retiro espiritual de 30 dias com Pe. Laplace, jesuíta de renome internacional, especialista no retiro chamado inaciano. Fez também consulta aos mais renomados teólogos e diretores espirituais de então para ter os subsídios suficientes para uma correta decisão, uma vez que “a vida e o ministério dos sacerdotes desenvolvem-se sempre no contexto histórico, de vez em quando carregado de novos problemas e de recursos inéditos” .
Afinal, eram 22 anos de silêncio e oração numa vida profundamente austera que seria mudada radicalmente, caso se discernisse sua vinda para o novo continente. Pe. Caetano era então monge com votos solenes na Ordem Cisterciense. Existia, porém, um outro monge com ele que quis fazer esta experiência, Pe. Norberto Gorrissen. Chegaram ao Brasil no dia 28 de março de 1968. Fizeram uma experiência de oito meses em Salvador, acolhidos com muita solicitude pelo Mosteiro de São Bento e fazendo um trabalho na favela de Pau Miúdo, enquanto Pe. Caetano ensinava Bíblia na Universidade Católica de Salvador.
Foi, sem dúvida, uma profunda vida de oração e um amor imenso pela Sagrada Escritura que o levaram a fundar um Instituto religioso que tivesse por carisma essa mesma Palavra que tanto ama e pela qual deu toda sua vida. Ele não quis começar aqui uma fundação cisterciense tradicional, porque achava que o Espírito Santo tinha, como ele próprio diz, muita “riqueza de imaginação” para criar algo novo aqui no Brasil, e que não convinha “importar” de outro continente e de outra cultura, uma forma de vida consagrada eminentemente válida, mas suscitada pelo Espírito Santo em outra circunstância e cultura diferentes. Assim surgiu o Instituto Religioso Nova Jerusalém: do desejo mais profundo de um homem que desejou fazer da Bíblia uma verdadeira força para o povo de Deus, não somente dos que dela pudessem usufruir com mais facilidade, mas de todos, principalmente os mais simples.
