segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Monaquismo

I - Origem do Monaquismo

A palavra “monaquismo” vem do grego monachós = aquele que está só; designa uma forma de vida cristã totalmente consagrada a Deus no retiro, no silêncio, na oração, na penitência e no trabalho.

Houve formas de monaquismo pré-cristão na Índia, na Palestina (os essênios), no Egito (os terapeutas, os neoplatônicos)... O monaquismo cristão tem seus fundamentos imediato no próprio Evangelho, onde o Senhor Jesus aconselha a deixar tudo e seguir incondicionalmente o Cristo. Pode-se crer, na base do testemunho de S. Paulo em 1 Cor 7, que já nas primeiras décadas do Cristianismo havia homens e mulheres que se abstinham do casamento para poder-se consagrar mais plenamente ao reino de Deus.

No século III essa modalidade de vida ascética tomou a forma eremítica (primeira forma de vida consagrada masculina); os cristãos retiravam-se para o deserto, tendo como modelo S. Antão (251-365); este é considerado o “Patriarca do monaquismo”; filho de família rica, ouviu o apelo do Senhor proclamando na Igreja e resolveu deixar tudo, retirando-se para o deserto do Egito, após ter providenciado a subsistência de sua irmã mais jovem. A “Vida de S. Antão”, escrita no século IV por S. Atanásio, exerceu grande influência sobre as gerações posteriores.

A vida eremítica teve expressões de grande generosidade: os monges viviam em silêncio, trabalhando com as mãos na confecção de cordames, cestas, esteiras e dedicando longas horas à oração; os jovens iam consultar os anciãos a respeito de seu tipo de ascese. Alguns ermitas se dedicaram a formas de penitência muito pessoais. Além de uma autêntica vida de oração e penitência, oferecida em favor da Igreja, os eremitas ou “padres do deserto” contribuíram em muito com a teologia e filosofia, através de escritos, que ainda hoje enriquecem a doutrina cristã. A vida eremítica era ainda forte grito profético no interior da Igreja, quando esta, após os tempos de perseguição se unia às forças e poderes do Império.

A vida eremítica foi cedendo aso poucos à vida cenobítica ou comunitária. Esta apresentava suas vantagens a saber: mais freqüente ocasião de se praticar a caridade e controle da comunidade sobre atitudes e comportamentos, às vezes esdrúxulos, dos monges eremitas S. Pacômio (+ 346) foi o primeiro organizador da vida cenobítica, que ele quis submeter a uma regra e a um superior chamado “Abade” (=Pai); a Regra visava a regulamentar a disciplina do monges na oração, no trabalho, no vestuário, na alimentação..., apresentando um caminho de santificação concebida pela sabedoria do Fundador. A casa dos cenobitas tomou o nome de monastérion em grego (donde mosteiro em português). O mosteiro data de 320; fundou-o S. Pacômio em Tabesini, a 570 Km ao sul da moderna cidade do Cairo.

Os monges eram quase todos leigos, isto é, não recebiam as ordens sacras; o número de sacerdotes nos mosteiros correspondia às necessidades do serviço interno da comunidade. Só na idade Média é que se difundiu o costume de conferir o presbiterato aos monges. São Pacômio era tão rigoroso neste particular que excluía por completo a possibilidade de ordenas algum monge, pois julgava que esto podia suscitar o desejo de honras e encargos de projeção. Conservam-se até hoje coletâneas de historietas e dizeres (Apoftegmas) dos Padres do Deserto, cuja leitura revela a sabedoria e o heroísmo daqueles cristãos.
Obs.:

Cenóbio: vem dos vocábulos gregos Koinós (=comum) e bios (=vida). "E, pois, a casa de vida comunitária, à diferença do eremitério (de eremos = deserto), lugar de vida solitária.

Anacoreta: vem dos termos gregos aná (para trás ) e chóreo (caminhar). Significa aquele que se retira ou o eremita.

Abade: do hebraico Abba (= Pai) designa, na origem um ancião que atingiu o cume da vida ascética.

Ascese: vem de Askéses no sentido pagão significa o conjunto de exercícios que mantém o vigor físico, intelectual ou moral.

Mística: vem de Mustikos as cosias que se relacionam como os mistérios, sobretudo os objetos rituais ou as pessoas iniciadas aos mistérios. No sentido cristão é toda experiência de intimidade com Deus e toda doutrina relacionada com esse tipo de experiência.


Fonte: Comunidade Shalom

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