sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A excelência da Castidade

Ninguém melhor que o Espírito Santo saberá apreciar o valor da castidade. Ora, Ele diz: "Tudo o que se estima não pode ser comparado com uma alma continente" (Eclo 26, 20), isto é, todas as riquezas da terra, todas as honras, todas as dignidades, não lhe são comparáveis. Santo Efrém chama a castidade de "a vida do espírito"; São Pedro Damião, "a rainha das virtudes"; e São Cipriano diz que, por meio dela, se alcançam os triunfos mais esplêndidos. Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outro vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc. A castidade faz do homem um anjo. "Ó castidade, exclama Santo Efrém (De cast.), tu fazes o homem semelhante aos anjos".
 Essa comparação é muito acertada, pois os anjos vivem isentos de todos os deleites carnais; eles são puros por natureza; as almas castas, por virtude. "Pelo mérito desta virtude, diz Cassiano (De Coen. Int., 1. 6, c. 6), assemelham-se os homens aos anjos"; e São Bernardo (De mor. et off., ep., c. 3): "O homem casto difere do anjo não em razão da virtude, mas da bem-aventurança; se a castidade do anjo é mais ditosa, a do homem é mais intrépida". "A castidade torna o homem semelhante ao próprio Deus, que é um puro espírito", afirma São Basílio (De ver. virg.).

O Verbo Eterno, vindo a este mundo, escolheu para Sua Mãe uma Virgem, para pai adotivo um virgem, para precursor um virgem, e a São João Evangelista amou com predileção porque era virgem, e, por isso, confiou-lhe Sua santa Mãe, da mesma forma como entrega ao sacerdote, por causa de sua castidade, a santa Igreja e Sua própria Pessoa.

Com toda a razão, pois, exclama o grande doutor da Igreja, Santo Atanásio (De virg.): 'Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dosSantos!".

Grande, portanto, é a excelência da castidade; mas também terrível é a guerra que a carne nos declara para no-la roubar. Nossa carne é a arma mais poderosa que possui o demônio para nos escravizar; é, por isso, coisa muito rara sair-se ileso ou mesmo vencedor deste combate. Santo Agostinho diz (Serm. 293): "O combate pela castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara". "Quantos infelizes que passaram anos na solidão, exclama São Lourenço Justiniano, em orações, jejuns e mortificações, não se deixaram levar, finalmente, pela concupiscência da carne, abandonaram a vida devota da solidão e perderam, com a castidade, o próprio Deus!"

Por isso, todos os que desejam conservar a virtude da castidade devem ter suma cautela: "É impossível que te conserves casto, diz São Carlos Borromeu, se não vigiares continuamente sobre ti mesmo, pois negligência traz consigo mui facilmente a perda da castidade"

por
Do tratado da Castidade, São Maria de Ligório

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Não duvidar daquilo que a Igreja ensina

O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordará tudo o que vos tenho dito” (João 14,25).
Antes de Jesus sofrer a Sua Paixão, na noite da despedida, naquela última Santa Ceia memorável, deixou bem claro aos apóstolos que eles teriam a assistência permanente do Espírito Santo. Sinta-se um instante naquela Ceia e ouça-O falar naquela noite memorável da despedida: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito (Defensor), para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós” (João 14, 15-17).

Ora, como poderia a Igreja Católica se desviar do caminho de Deus se o Espírito da Verdade está nela e, com ela, desde o começo, e nela “permanece” sempre? Será que essa Promessa de Jesus não se cumpriu? Será que o Senhor mentiu naquela noite memorável? Não! Jesus foi enfático, o Espírito Santo não só “permanecerá convosco”, mais ainda: “estará  em vós”, eternamente.
Na mesma noite da despedida, Jesus ainda disse aos apóstolos: “Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordará tudo o que vos tenho dito” (João 14,25).
Ora, como pode a Igreja se enganar na sua missão de levar os homens a Deus se o Senhor lhe prometeu na última noite: o Espírito Santo “ensinar-vos-á todas as coisas”? Observe que Cristo colocou o verbo no futuro: “ensinar-vos-á”; quer dizer: todos os dias daquele dia em diante, até Ele voltar. Ele continua a ensinar a Igreja, e a Igreja aos homens.
Nem tudo que a Igreja acredita está na Bíblia, muitas coisas o Espírito Santo ensinou para ela [Igreja] no decorrer dos séculos: é a Sagrada Tradição. É por isso que cremos nos dogmas ensinados pela Igreja hoje e sempre.
Aqueles homens simples da Galileia não tinham condições de assimilar todas as verdades da fé, toda a teologia que hoje a Igreja conhece (dogmática, cristologia, liturgia, mariologia, pneumatologia, escatologia, exegese bíblica…), depois de muito estudo e reflexão. Jesus, então, lhes explicou que o Espírito Santo de Deus, o Espírito da Verdade, os guiaria à verdade no futuro. Como poderá, então, a Igreja errar se o Senhor lhe prometeu que o Seu Santo Espírito da Verdade “ensinar-vos-á toda a verdade”, desde o começo? Note que o verbo está no futuro.
Uma grande prova de que a Igreja Católica não erra, no essencial, é que, em toda a sua longa história de 2 mil anos, nunca um Papa revogou um ensinamento sobre a fé ou a moral de um antecessor seu. O mesmo aconteceu com os 21 Concílios ecumênicos (universais) que a Igreja já realizou; nunca um Concílio revogou um ensinamento de fé de outro anterior. Esta é a marca do Espírito Santo na Igreja: não há contradição.
“Fora da Igreja não há salvação”, diziam os Santos Padres dos primeiros séculos da Igreja. E o Catecismo da Igreja Católica (CIC) explica o que isso significa: “Toda salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu Corpo” (CIC § 846). Logo, sem a Igreja não pode haver salvação. Mesmo os não cristãos, sem culpa, podem se salvar se viverem de acordo com sua consciência, são salvos por meio da graça concedida à Igreja. Aqueles que, conscientemente, rejeitarem a Igreja, rejeitarão também a salvação. Jesus afirmou aos apóstolos, hoje nossos bispos: “Quem vos ouve, a Mim ouve, quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita aquele que Me enviou” (Lc 10,16).

Só a eles o Senhor confiou o encargo de ensinar, sem erro, com a assistência do Espírito Santo. Por isso a Igreja é essencial.
A Igreja que Jesus fundou é a que “subsiste na Igreja Católica”, que tem 2 mil anos e nunca ficou sem um chefe, Sucessor de Pedro, que o Senhor escolheu.

Professor Felipe Aquino

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Falando em estudo bíblico...

1. FONTES PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS PARA ESTUDOS BÍBLICOS AVANÇADOS
- PAPIROS BODMER: é um grupo de vinte e dois papiros descoberto no Egito em 1952. Eles foram assim nomeados depois que Martin Bodmer (1899 - 1971, bibliófilo, estudioso e colecionador) os comprou. Os papiros contêm segmentos dos dois Testamentos e de algumas literaturas cristãs antigas. O mais antigo, P66, data de 200 d.C. Os papiros pertencem a Biblioteca Bodmeriana, em Cologny, na Suíça. Em 2007 a Biblioteca do Vaticano adquiriu dois dos papiros, P74 e P75.
* Manuscritos gregos:
- CODEX SINAITICUM (א, 01): é uma antiga cópia da Bíblia grega (AT e NT). Pertence ao texto padrão alexandrino, foi escrito no século IV d.C em letras maiúsculas em pergaminho. Foi descoberto no século XIX no Monastério grego do Monte Sinai. Embora partes do Códice estejam espalhadas em quatro bibliotecas ao redor do mundo, a maioria do manuscrito hoje está na Biblioteca Britânica.
- CODEX VATICANUM (B, 03): é um dos manuscritos mais antigos da Bíblia grega (AT e NT). O Códice é assim nomeado porque pertence à Biblioteca do Vaticano onde foi colocado desde o século XV d.C. Está escrito em grego, com letras maiúsculas, e foi paleograficamente datado do século IV dC. Os estudiosos o consideram um dos melhores textos gregos do Novo Testamento.
- CODEX (CÓDICE) BEZAE (D, 05): é um códice do Novo Testamentodatado do século V escrito em maiúsculas. Contém grande parte dos quatro Evangelhos e Atos, além de um pequeno fragmento da 3Jo, medindo 26 x 21.5 cm, com o texto grego na face esquerda e o texto latino à direita. Faz parte do texto padrão Ocidental. Durante os motins das Guerras de Religião no século XVI, quando análise textual se tornou urgente para os protestantes da Reforma, o manuscrito foi levado de Lyon em 1562 e entregue ao estudioso protestante Theodore Beza, o amigo e sucessor de Calvino que o doou para a Universidade de Cambridge, Inglaterra e ainda hoje permanece na Biblioteca daquela universidade.
** Manuscritos hebraicos
- CODEX ALLEPO EM FACSIMILE: O Códice de Aleppo (Keter Aram Tzova) é um manuscrito medieval da Bíblia hebraica. O códice foi escrito no século X d.C. Alguns testemunhos mostram que o Códice de Aleppo foi consultado por estudiosos judeus ao longo da Idade Média, e estudos modernos mostraram que ele pode ser a representação mais precisa dos princípios Masoréticos de qualquer manuscrito existente. Durante a Primeira Cruzada, a sinagoga foi saqueada e o códice foi transferido de Jerusalém para o Egito, pois os judeus pagaram um alto preço por seu resgate. Foi preservado na sinagoga do Cairo onde foi consultado por Maimonides. Em 1375, um de descendentes de Maimônides o trouxe para Aleppo, Síria, de onde vem sua atual designação. Em 1958, quando foi contrabandeado para Israel e hoje se encontra na Universidade Hebraica de Jerusalém.
- CODEX DE LENINGRADO: O Códice de Leningrad (ou Códice Leningradensis) é o manuscrito completo mais antigo da TANAK com texto masorético. É datado de 1008 de acordo com seu colofão. Atualmente seu texto está reproduzido na Bíblia Hebraica (1937) e Bíblia Hebraica Stuttgartensia (1977). Também é útil para os estudiosos como fonte primária para a recuperação das partes perdidas do Códice Aleppo. O Códice de Leningrado é assim nomeado porque foi pertence à Biblioteca Nacional da Rússia em São Petersburgo desde 1863. Depois da Revolução Russa os estudiosos o nomearam de Códice de Leningrado. A pedido da Biblioteca o termo Leningrado foi mantido até mesmo depois que o nome original da cidade foi restabelecido depois da dissolução da União Soviética.
*** Textos aramaicos (ou versões críticas para línguas modernas)
- TARGUM NEOPHYTI (BIBLINGUE): paráfrase da Bíblia hebraica em aramaico que data entre os séculos III e VIII d.C. Foi descoberto em 1949 por Alejandro Diez Macho na Biblioteca dos Neófitos em Roma.  As paráfrases do Targum Neophyti são significativamente diferentes daquelas do Targum Onkelos. Elas são consideravelmente mais expansivas. O idioma do Targum Neophyti é convencionalmente conhecido como aramaico palestino em vez do aramaico babilônico do Targum Onkelos.
- TARGUM ONQELOS (DO PENTATEUCO) EM INGLÊS E EM FRANCÊS*: é o targum oriental (babilônico) oficial da Torah.  Alguns identificam essa tradução como trabalho de Áquila de Sinope, daí o nome Onqelos.  O tradutor é único em evitar qualquer tipo de antropomorfismo para Deus. Antigamente o Targum Onqelos era recitado de cor como tradução de versículo por versículo enquanto se proclamava a Torah na sinagoga.
- TARGUM JONATHAN EM INGLÊS*: É uma paráfrase dos Nebiîm em aramaico. Seu início se deu em Jerusalém, mas foi terminado na Babilônia no início do século II d.C. O Talmud atribui a Jonatan ben Uzziel a tradução dos Nebiîm para o aramaico.
- Textos em outros idiomas antigos ou versões críticas de textos antigos
- ANTIGO TESTAMENTO EM SIRÍACO (Peshitta): é a versão padrão da Bíblia no idioma siríaco. O nome “Peshitta” significa "versão simples". O Siríaco é um dialeto, ou grupo de dialetos, do Aramaico oriental. O AT e o NT da Peshitta são dois trabalhos de tradução completamente distintos. O AT Peshitta é a parte mais antiga da literatura siríaca de todos os tempos, com a provável origem no século II d.C traduzido diretamente do hebraico anterior ao texto massorético. O NT foi traduzido do grego no século III.
- ARQUEOLOGIA DA ALTA MESOPOTÂMIA (EDIÇÃO CRÍTICA):útil para os estudos da Torah e dos Livros Históricos.
- RAS SHAMRA: A atual Ras Shamra chamava-se Ugarit. Foi uma antiga e cosmopolita cidade portuária, situada na costa mediterrânea do norte da Síria. O apogeu da cidade ocorreu de cerca de 1450 a.C até 1200 a.C. Em 1928 um camponês abriu acidentalmente uma tumba antiga enquanto arava o campo. As escavações descobriram um palácio real de 90 quartos e duas bibliotecas que continham textos diplomáticos, legais, econômicos, administrativos, acadêmicos, literários e religiosos. No topo do morro onde a cidade foi construída estavam dois templos principais: um dedicado a Baal e um a Dagon.
- BÍBLIA KITTEL: O hebraísta Rudolf Kittel publicou na Alemanha, duas edições de Bíblia Hebraica, sendo a primeira em 1906 e a segunda com pequenas revisões em 1913. Mais tarde, quando se tornaram disponíveis os textos massoréticos do Códice de Leningrado, Kittel  produzir uma terceira edição da Bíblia Hebraica, que teve um texto hebraico um pouco diferente e algumas notas de rodapé revisadas. Foi a primeira vez que uma Bíblia levou em conta o texto do Códice de Leningrado.
- BÍBLIA STUTTGARTENSIA: totalmente baseada no Códice de Leningrado publicada pela Sociedade Bíblica Alemã em Stuttgart. É uma revisão da terceira edição da Bíblia Hebraica editada por Rudolf Kittel. As notas de rodapé foram totalmente revisadas. Essas notas foram sendo acrescentadas aos poucos desde 1968.
- SEPTUAGINTA: A tradução do Antigo Testamento para o grego, acrescida de mais sete livros originariamente escritos em grego. É muito importante para os estudos bíblicos porque em vários casos, os pergaminhos do mar morto estão de acordo com a LXX e diferentes do texto massorético. Os mais antigos códices da LXX (Vaticanus e Sinaiticus) datam do século IV AD. A edição mais importante é a romana ou sistina, que reproduz exclusivamente o Codex Vaticanus. Foi publicada pelo Cardeal Caraffa, com a ajuda dos vários peritos, em 1586, autorizado pelo Papa Sisto V, para ajudar nas revisões em preparação da Vulgata Latina, requisitada pelo Concílio de Trento.
- BÍBLIA POLIGLOTA COMPLUTENSE: é a edição oficial da LXX, baseada em manuscritos atualmente perdidos, é considerada bastante próxima aos mais antigos manuscritos.
- VETUS LATINA: é um nome coletivo dado aos textos bíblicos em latim que foi traduzido antes da Vulgata de São Jerônimo e se tornou a Bíblia padrão para os cristãos ocidentais de língua latina. A expressão Vetus Latina significa Bíblia Latina Velha (em oposição à Vulgata) e não que tenha sido escrita em latim antigo, ao contrário  trata-se de latim recente.
2. FERRAMENTAS PARA ESTUDOS AVANÇADOS:
- SINOPSIS DOS 4 EVANGELHOS, CONCORDÂNCIA, APARATO CRÍTICO.
3. LITERATURA RABÍNICA
Talmud e Midrash
Ir Aila Luzia, NJ (Doutora em Bíblia, Filósofa, Teóloga, professora da Faculdade Católica de Fortaleza e superiora do ramo feminino do Instituto Religioso Nova Jerusalém)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Se eu fui feito para Amar!


Angelus de Bento XVI - 02/10/2011

Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé
(tradução de Leonardo Meira - equipe CN Notícias)



Angelus
Praça de São Pedro - Vaticano
Domingo, 02 de outubro de 2011


Queridos irmãos e irmãs!


O Evangelho deste domingo termina com uma advertência de Jesus, particularmente severa, destinada aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: "Ser-vos-á tirado o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele" (Mt 21,43). São palavras que fazem pensar sobre a grande responsabilidade de quem, em cada época, é chamado a trabalhar na vinha do Senhor, especialmente com papel de autoridade, e impulsionado a renovar a plena fidelidade a Cristo. Ele é "a pedra que os construtores rejeitaram" (cf. Mt 21,42), porque julgaram-no como inimigo da lei e perigoso para a ordem pública; mas Ele mesmo, refutado e crucificado, ressuscitou, tornando-se a "pedra angular" sobre a qual se podem colocar com absoluta segurança os fundamentos de cada existência humana e do mundo inteiro. De tal verdade fala a parábola dos vinhateiros infiéis, aos quais um homem confiou a própria vinha para que a cultivassem e produzissem frutos.

O proprietário da vinha representa Deus mesmo, enquanto a vinha simboliza o seu povo, bem como a vida que Ele nos doa para que, com a sua graça e o nosso compromisso, façamos o bem. Santo Agostinho comenta que "Deus nos cultiva como um campo para tornar-nos melhores" (Sermo 87, 1, 2: PL 38, 531). Deus tem um projeto para os seus amigos, mas, infelizmente, a resposta do homem é frequentemente orientada à infidelidade, que se traduz em desprezo. O orgulho e o egoísmo impedem de reconhecer e acolher até mesmo o dom mais precioso de Deus: o seu Filho unigênito. Quando, de fato, "enviou seu próprio filho – escreve o evangelista Mateus – … [os vinhateiros] o prenderam, conduziram-no para fora da vinha e o assassinaram" (Mt 21,37.39). Deus entrega a si mesmo em nossas mãos, aceita fazer-se mistério insondável de fragilidade e manifesta a sua onipotência na fidelidade a um projeto de amor que, ao final, prevê, contudo, também a justa punição dos malvados (cf. Mt 21,41).

Firmemente ancorados na fé na pedra angular que é Cristo, permaneçamos n'Ele como o fruto que não pode dar fruto por si mesmo se não permanece na videira. Somente n'Ele, por Ele e com Ele edifica-se a Igreja, povo da Nova Aliança. Escreveu a propósito o Servo de Deus Paulo VI: "O primeiro fruto da tomada de consciência mais profunda da Igreja quanto a si mesma é a descoberta renovada da sua relação vital com Cristo, coisa bem conhecida, mas fundamental, indispensável, e nunca suficientemente compreendida, meditada e pregada" (Enc. Ecclesiam suam, 6 agosto 1964: AAS 56 [1964], 622).

Queridos amigos, o Senhor sempre está próximo e atuante na história da humanidade, e nos acompanha também com a singular presença dos seus Anjos, que hoje a Igreja venera como "Protetores", isto é, ministros do cuidado divino por cada homem. Desde o início até a hora da morte, a vida humana é circundada pela sua incessante proteção. E os Anjos fazem coroa à Augusta Rainha das Vitórias, a Beata Virgem Maria do Rosário, que no primeiro domingo de outubro, exatamente nesta hora, do Santuário de Pompeia e pelo mundo todo, acolhe a fervorosa Súplica, a fim de que seja derrotado o mal e revele-se, em plenitude, a bondade de Deus.