segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Uma geração que ame a Bíblia
Entrevista concedida Pelo Pe. Caetano NJ (in memoriam) a Comunidade Católica Shalom.
A Bíblia é palavra de Deus, é definitiva, mensagem que não volta atrás. A palavra dos homens passa, a palavra de Deus permanece eternamente.
Nosso entrevistado é uma sumidade em Bíblia. Trata-se do Padre Caetano Minetti de Tillesse, Mestre em Bíblia. Chegou ao Brasil em 1968, instalando-se no Bairro Cristo Redentor, periferia de Fortaleza, onde desenvolve um belíssimo trabalho junto a essa comunidade carente. Aí fundou, em 1981, o Instituto Nova Jerusalém, e, em 1984, a Revista Bíblica Brasileira, que faz circular estudos científicos acerca da Bíblia, para aprofundar e atualizar sistematicamente o conhecimento crítico da Bíblia, e abrir um diálogo com o Brasil e o mundo.
Pe. Caetano, conte um pouco da sua história: vocação, entrada no mosteiro, decisão de vinda para o Brasil e estabelecimento em Fortaleza.
Pe. Caetano: Entrei no mosteiro cisterciense em Orval, na Bélgica, no dia 11 de fevereiro de 1946. Passei 22 anos no mosteiro, na vocação contemplativa, rigorosa. Uma vocação belíssima! Uma doação total e incondicional.
No mosteiro, comecei a me interessar pela Bíblia. Dediquei-me bastante aos estudos, então as autoridades mandaram-me a Roma, para licenciar em teologia - pela Universidade Gregoriana - e fazer Mestrado em Bíblia - pelo Pontifício Instituto Bíblico -. Depois retornei ao mosteiro e passei 11 anos ministrando aulas de Bíblia.
Então, mais ou menos na época do Concílio, senti no coração o desejo de fazer uma fundação diferente, mais próxima às necessidades e anseios do nosso tempo, do nosso século. Mas não na Europa, que tinha bastante fundações religiosas, ancoradas numa tradição de dois mil anos; acreditava que fosse melhor na América Latina. Assim, vim para o Brasil, e não me interessei pelo Rio de Janeiro, São Paulo ou mesmo Recife que já eram bem desenvolvidas.
Escolhi Fortaleza, mas não o bairro da Aldeota - bairro nobre da cidade -. Quando cheguei ao antigo Pirambu - hoje Cristo Redentor -, fiquei empolgado. Era o que eu procurava: um trabalho comunitário com o povo. Aquilo que eu vivia no mosteiro, queria viver no meio do povo mais simples, mais humilde, entre pescadores na beira da praia.
Cheguei ao Brasil em 1968 e desliguei-me do mosteiro. Fiquei totalmente à disposição da Arquidiocese de Fortaleza; simplesmente me enraizei aqui nesta comunidade pobre.
Como foi seu encontro com a R.C.C.?
Pe. Caetano: Em 1975, quando a Renovação Carismática chegou a Fortaleza, percebi que era a resposta àquilo que eu estava procurando. Aquela vida de entrega total que vivia no mosteiro agora podia ser vivida pelos leigos: homens, mulheres, pessoas casadas, crianças, adultos...
A Renovação é muito importante, mas para que não seja apenas "fogo de palha", precisa ter um alicerce mais profundo, e esse alicerce, para mim, é a Palavra de Deus. Não é qualquer pensamento, qualquer teologia ou ideologia, não é isso o que interessa; porque as idéias dos homens viram moda, mas depois passam. Enquanto a Palavra de Deus permanece eternamente.
Então, para a construção de um mundo novo, a Palavra de Deus é elemento imprescindível. E a Palavra de Deus deve ser estudada, com criticidade. Essa Palavra é questionada pelo mundo inteiro, e nós não temos o direito de apresentá-la apenas de uma maneira edulcorada ou simplificada para o grande povo. É preciso aprofundar-se, estudá-la de maneira crítica, enriquecer-se desta Palavra que tem uma mensagem para o mundo de hoje. Às vezes se acha que ela nada mais diz para o mundo de hoje; diz sim, mas é preciso estudá-la de maneira muito aprofundada.
Para quem deseja se aprofundar no conhecimento bíblico, por onde deve começar?
Pe. Caetano: A primeira coisa que se recomenda, é a leitura da Bíblia de ponta a ponta. É importante a leitura contínua, mesmo corrida, de ponta a ponta. Porque se escolhemos um trechinho que gostamos, achamos bonitinho, que toca o nosso coração, isso fica superficial, não leva ao conhecimento profundo. Na leitura de ponta a ponta nós sondamos a mensagem de Deus, o seu plano, aquilo que Ele está querendo dizer. Do início ao fim.
Fale um pouco sobre a fundação da Comunidade Nova Jerusalém.
Pe. Caetano: Nós precisamos ser profetas, mas uma pessoa só não pode erigir-se profeta, "uma andorinha só não faz verão". É preciso suscitar aqui no Brasil uma geração bíblica, um povo que leia, conheça, viva a Bíblia. E para isso uma pessoa só não basta, é indispensável uma congregação. Porque as pessoas morrem; a congregação, porém, continua estudando.
Assim, em 1981, foi fundado o Instituto Nova Jerusalém. Fiz questão de uma congregação mista. É essencial, porque a Bíblia é do povo de Deus, homem e mulher. E a maneira que a mulher lê a Bíblia é diferente da do homem. Por isso, é importante a leitura da Bíblia feita por ambos. É essencial a visão do homem e da mulher para a compreensão da Bíblia.
Além da Jerusalém mista consagrada, há a Jerusalém leiga. Não apenas os religiosos lêem a Bíblia, mas também os casados, com filhos... a Bíblia é também para eles. E a maneira de um leigo ler a Bíblia é diferente da maneira de um religioso. A Jerusalém leiga é um prolongamento essencial da Jerusalém religiosa.
Como e onde está hoje a Nova Jerusalém?
Pe. Caetano: A Jerusalém, além de Fortaleza, está em Belo Horizonte. A primeira razão dessa fundação em Belo Horizonte é o aprofundamento dos estudos. Aqui em Fortaleza só existe a filosofia e a teologia; é pouco, é preciso fazer pós-graduação, especialização, mestrado, especialmente em Bíblia. E o ensino dos jesuítas em Belo Horizonte é uma opção muito boa.
As mulheres têm os mesmos direitos dos homens, fazem os mesmos estudos de teologia e filosofia, da Bíblia. Devem ficar à mesma altura dos homens. Cada um tem a sua riqueza, a sua colaboração a dar.
Para a aprovação definitiva, a congregação precisa de 60 membros, dos quais a maior parte com votos perpétuos.
Qual a motivação para a fundação da Revista Bíblica Brasileira?
Pe. Caetano: Estuda-se Bíblia não apenas para fazer-se professores, mas para ver qual o plano de Deus sobre esta humanidade. A Revista Bíblica, posso dizer assim, aponta para onde vamos.
Ela tem um nível um pouco elevado, técnico, porque não temos o direito de ensinar ao brasileiro apenas o básico. O Brasil precisa ter condições de entrar no diálogo mundial acerca da Bíblia e da evangelização.
A Revista Bíblica Brasileira (RBB) é, portanto, o órgão de comunicação do Instituto Nova Jerusalém, que se esforça por expressar uma leitura da Bíblia atualizada, exigente, a par da exegese moderna mundial, numa compreensão profunda da mensagem bíblica, Antigo e Novo Testamento - e mesmo dos Apócrifos inter-testamentários -, que possa se tornar o alicerce e o trampolim para uma nova evangelização para o terceiro milênio. Penso que, a partir do nosso bairro humilde e pobre, e a partir do estudo e da meditação profunda, uma nova luz de evangelização possa irradiar para o nosso Brasil e mesmo para o mundo inteiro.
Quero ainda dizer que aqui na Jerusalém temos uma biblioteca com um acervo muito bom, de cerca de 15 mil livros sobre Bíblia. É uma das melhores do Brasil, mas é insuficiente; para a pesquisa científica tem de ir além. E estamos sempre em contato com a biblioteca de "Lovraine". Há, inclusive, um projeto de alguns especialistas de "Lovraine" virem ministrar alguns cursos; trata-se de uma colaboração entre Bélgica e Brasil. E fico muito feliz porque quero que o Brasil seja capaz de entrar em diálogo internacional.
Qual o trabalho social que se realiza com a ajuda de toda a Comunidade do Cristo Redentor?
Pe. Caetano: Nós trabalhamos não para o povo, mas com o povo. Não pensamos como "doutores da Lei", que sabem tudo. Caminhamos com o povo e devagar; não é muito fácil, mas temos tentado caminhar e despertar no povo o conhecimento da Bíblia.
Aqui, nessa comunidade tão humilde, muita gente possui uma Bíblia. Interessante que tem gente analfabeta que, entrando na Renovação Carismática, consegue ler a Bíblia, é uma graça especial. Nós procuramos, portanto, crescer.
Também tem o trabalho, que eu considero muito importante, com as crianças, adolescentes e jovens que entram nesse conhecimento de Deus e da Bíblia. Tem cinco creches aqui na comunidade, cada uma atende a cerca de 100 crianças.
Por que se convencionou setembro como o mês da Bíblia?
Pe. Caetano: Por causa de São Jerônimo, cuja festa é celebrada no dia 30 de setembro. Ele era eremita, trancava-se para estudar a Bíblia. Teve a audácia de se colocar na escola dos rabinos, em Belém, para aprender o hebraico. Antes dos estudos de Jerônimo se lia a Bíblia somente em grego ou em latim. Mas ele fez questão de ler a Bíblia na língua original, de voltar à verdade hebraica, como ele dizia. Razão pela qual ele só aceitava os livros que constavam na Bíblia hebraica. Os deuterocanônicos, portanto, ele não aceitava. Jerônimo foi importante, mas limitou um pouco. E a primeira Bíblia cristã foi a grega, que conta mais livros do que a hebraica. Também os evangelhos foram escritos originalmente em grego.
Que mensagem o senhor dedicaria aos nossos Internautas?
Pe. Caetano: A Bíblia é palavra de Deus, é definitiva, mensagem que não volta atrás. A palavra dos homens passa, a palavra de Deus permanece eternamente. E não apenas isso, é mais importante ainda. A Palavra de Deus é criativa, ela faz aquilo que diz. Quando lemos essa Palavra, ela transforma e a nós e ao mundo inteiro. E lendo a Bíblia, tornamo-nos servidores da Palavra e co-criadores com Deus, participando do poder criador da Palavra, participando da transformação do mundo. E quanto mais procuramos entender a Bíblia, sendo autênticos, mais participamos da transformação do mundo inteiro, pelo poder de Deus.
Pe. Caetano Minetti de Tillesse
Fundador da Comunidade Nova Jerusalém - Fortaleza
Fonte: Comunidade Católica Shalom
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A criação foi feita em seis dias?
A Bíblia não está interessada em dados científicos. Esse relato da criação apenas quer expressar a fé de que tudo veio de Deus. Que todos os seres têm sua origem em um Criador que é bom e dar a cada criatura o objetivo de ser benéfica. É isso que quer dizer a palavra tôv.
Gn 1,31 “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom (tôv)”.
O termo hebraico tôv significa não apenas bom, mas beneficente, ou seja, Deus deseja que cada criatura exista para beneficiar as demais.
Os seis dias expressam esse desejo de Deus. É um número simbólico para mostrar que em cada ser existe a luz de Deus.
A primeira letra hebraica Alef significa a iluminação, é também a primeira letra das palavras “Eu” e “luz” (identidade e vida). O Alef é uma linha vertical no meio com uma ponta para cima e outra para cima . Simboliza a ligação dos seres entre si e entre o Criador e cada criatura. Isto significa que a criação precisa estar ligada ao Criador para que seja boa. E também que deve haver harmonia entre todos os seres.
Para afirmar tudo isso somente com uma palavra, o autor bíblico diz “seis”. Os seis dias querem simbolizar que nenhuma criatura é Deus e que só em união entre si e com Deus é possível existir de fato.
Gn 1,1 afirma: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”.
Nessa expressão, que é a primeira da bíblia, existem “seis” vezes a letra alef, por isso depois se afirma que foram “seis” dias. O número “seis” indica a criatura. O “sete” indica o Criador. Por isso a criação inteira é “seis” nunca será “sete”.
Curiosidade: Em Gn 1,1 apenas a palavra “céu” não contém a letra alef porque os céus são a morada de Elohim (Deus), que é a Luz, fonte de toda iluminação.
Que Deus nos conceda a graça de, a cada dia, crescermos nesta iluminação que é o seu desejo expresso nas primeiras palavras da bíblia. Amém.
Fonte:IrNovaJerusalém
Gn 1,31 “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom (tôv)”.
O termo hebraico tôv significa não apenas bom, mas beneficente, ou seja, Deus deseja que cada criatura exista para beneficiar as demais.
Os seis dias expressam esse desejo de Deus. É um número simbólico para mostrar que em cada ser existe a luz de Deus.
A primeira letra hebraica Alef significa a iluminação, é também a primeira letra das palavras “Eu” e “luz” (identidade e vida). O Alef é uma linha vertical no meio com uma ponta para cima e outra para cima . Simboliza a ligação dos seres entre si e entre o Criador e cada criatura. Isto significa que a criação precisa estar ligada ao Criador para que seja boa. E também que deve haver harmonia entre todos os seres.
Para afirmar tudo isso somente com uma palavra, o autor bíblico diz “seis”. Os seis dias querem simbolizar que nenhuma criatura é Deus e que só em união entre si e com Deus é possível existir de fato.
Gn 1,1 afirma: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”.
Nessa expressão, que é a primeira da bíblia, existem “seis” vezes a letra alef, por isso depois se afirma que foram “seis” dias. O número “seis” indica a criatura. O “sete” indica o Criador. Por isso a criação inteira é “seis” nunca será “sete”.
Curiosidade: Em Gn 1,1 apenas a palavra “céu” não contém a letra alef porque os céus são a morada de Elohim (Deus), que é a Luz, fonte de toda iluminação.
Que Deus nos conceda a graça de, a cada dia, crescermos nesta iluminação que é o seu desejo expresso nas primeiras palavras da bíblia. Amém.
Fonte:IrNovaJerusalém
Dois irmãos
*Aíla L. Pinheiro de Andrade, nj
Numa leitura superficial sobre Caim e Abel, Deus aparece como um sanguinário que provoca o primeiro assassinato. Mas a base desse texto é a crença de que a vida (vegetal, animal, humana) vinha de Deus e por isso se fazia oferenda em reconhecimento disso. Para a Escritura a oferenda não podia ser apenas para se evitar um castigo de Deus. No texto bíblico não parece que o Criador abençoe uma oferta de sangue em vez de vegetais. O que o texto diz é o seguinte: Caim: “trouxe do fruto da terra uma oferta” (Gn 4,3) e não as primícias. Ou seja, apenas cumpriu um ritual para assegurar a colheita do ano seguinte.
“Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura (em hebraico: lev = coração)" (Gn 4,4). Abel trouxe o melhor. O único sangue que aparece neste texto é o de Abel (v. 10). Esse texto quer falar de inveja, de ganância e de pessoas que usam a religião em função dos próprios interesses. Não há nenhuma referência a um Deus sanguinário, mas a um homem sanguinário. A tradição popular de Caim e Abel falava do difícil processo de sedentarização dos hebreus, principalmente por causa do Quenitas (Caim) que eram muito violentos.
Trata-se de um conflito entre povos. O pastor é nômade porque a vida dele está nos rebanhos ao qual ele deve acompanhar. O agricultor é sedentário porque toda a riqueza dele está na semente que depositou no solo e que ele defende a qualquer custo. Para o pastor a terra foi doada por Deus a todas as pessoas e quem não partilha a terra está sendo ambicioso.
Vejamos esse mito em três versões:
1) A versão do agricultor: Era uma vez os deuses sumérios Dumuzi, o pastor, que competiu com Enkimdu, agricultor, pelo amor de Inanna. Esta escolheu Dumuzi como marido. Por causa da ambição dela (desejo de trazer o mundo inferior sob seu domínio), Inanna decidiu descer ao mundo inferior, no qual ficou presa. E Enkimdu fez magias pelas quais Inanna foi estabelecida à vida. Entretanto havia uma lei no mundo inferior que ninguém poderia ser devolvido à superfície sem prover um substituto. E Dumuzi, o marido devia substituí-la. Só que Dumuzi não podia ser mantido lá para sempre e voltava a cada primavera. E assim Dumuzi passou a ser considerado Tammuz, responsável pela fertilidade do solo.
2) A versão do Pastor: Era uma vez Caim (EnKimdu) e Abel (Dumuzi) que competiam pelo amor do SENHOR. Parece que o problema não foi a oferta, mas o coração do ofertante. Naquele contexto era impossível conciliar pastores e agricultores, inimigos mortais, pois ovelhas invadiam as plantações, mas o autor bíblico teve a coragem de afirmar: “O pastor (Abel) e o agricultor (Caim) são irmãos”.
Essa narrativa bíblica parece ser do mesmo contexto de Is 56, quando se propõe uma abertura religiosa. Uma época em que os judeus já estão há bastante tempo no exílio da Babilônia. O mais importante para aqueles que estão no estrangeiro é ser luz para as nações e não guerrear com elas. Por isso o autor, do texto de Caim-Abel, no exílio, diz *somos irmãos*. Lembremos que a Babilônia foi acusada de ambiciosa e invejosa (2Rs 20,15). A Babilônia seria Caim e Judá seria Abel.
No processo histórico, o nomadismo veio antes da sedentarização, no entanto, a narrativa nos diz como o SENHOR castigou Caim: “serás fugitivo e errante pela terra. Então, disse Caim ao SENHOR: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará” (Gn 4,12-14).
Então:
a) Aquele que era sedentário se tornou nômade (errante). O inverso (proposital) do processo histórico. Deus estaria dizendo: Caim
(sedentário) seu castigo será viver a vida que você tirou do seu oponente (nômade). Pois, somente se colocando no lugar do outro é que poderá entendê-lo;
b) O texto dá uma dica clara sobre o contexto histórico, perguntemos: para quem “ser lançado para fora da terra” é um castigo insuportável? O judeu fora de Israel. Viver errante é viver no exílio, na diáspora. No final, tanto Abel, quanto Caim, são apenas duas faces da mesma moeda, ou da mesma pessoa.
3) A versão de Jesus: Era uma vez um homem que tinha dois filhos (Lc 15,11). O mais novo "se mandou pelo mundo", e gastou tudo numa vida dissoluta. Depois que a "grana" acabou e os “amigos” sumiram, ele voltou para casa, confiando no amor de seu pai. Este ficou feliz, mandou matar o novilho cevado (o melhor) para o filho. Será que tem alguma coisa a ver com Abel também ter dado o que tinha de melhor? Mas, o filho mais velho, voltando do campo (Lc 15,25, era agricultor) ficou indignado: “nunca mataste um cabrito pra mim?” (Lc 15, 29) (inveja e ambição). E acusou o irmão de gastar o patrimônio da família com prostitutas (Lc 15,30). Exagero muito comum aos judeus mais rigorosos, acusar os judeus da Diáspora e os gentios em geral de idólatras (= prostituição). A primeira parte da parábola apenas afirma que o filho mais novo foi dissoluto, que os amigos só duraram enquanto a grana durou e que ele sofreu muito. Mesmo assim o pai quer bem aos dois por igual.
A parábola do Filho pródigo deve ser estudada no contexto das outras duas parábolas dos perdidos: a ovelha e a moeda. O contexto é de um debate entre Jesus e alguns escribas Lc 14. O evangelista quer mostrar que Jesus contou algumas parábolas para explicar seus argumentos aos opositores. Jesus aproxima-se dos pecadores porque esta é a vontade do Pai Criador. Esta vontade já estava expressa na releitura bíblica dos mitos antigos e nas Escrituras dos Judeus.
O texto de Caim e Abel é um mashal para dizer aos judeus da época que os babilônicos ou qualquer outro adversário deve ser considerado irmão. É verdade que há violência entre as pessoas, mas Deus nos fez irmãos e não inimigos eternos como afirmava o mito antigo.
Bem, os três textos falam de conflitos e discórdias. O texto de Gn não é apenas a versão pastoril. O SENHOR ama Caim e ama Abel, só que a ferta de Caim não valeu, pois não veio do coração. Não adianta só cumprir um ritual. O filho mais velho do texto de Lc também cumpre tudo (Lc 15,29) e não ama, nem uma vez pronuncia a palavra PAI.
Os dois textos bíblicos dizem: somos irmãos. Deus não quer guerra entre pastores e agricultores, eles não são inimigos, são irmãos. IRMÃO, palavra mais repetida no texto de Caim e Abel. Deus não quer guerra entre as etnias, nações e religiões. Jesus não quer a discórdia entre seu seguidores e o povo a que ele pertence (Lc 15,1-2).
* Aíla L. Pinheiro de Andrade é membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica. Leciona na Faculdade Católica de Fortaleza e em diversas outras faculdades de Teologia e centros de formação pastoral.
Fonte: Blog da Nova Jerusalém
Numa leitura superficial sobre Caim e Abel, Deus aparece como um sanguinário que provoca o primeiro assassinato. Mas a base desse texto é a crença de que a vida (vegetal, animal, humana) vinha de Deus e por isso se fazia oferenda em reconhecimento disso. Para a Escritura a oferenda não podia ser apenas para se evitar um castigo de Deus. No texto bíblico não parece que o Criador abençoe uma oferta de sangue em vez de vegetais. O que o texto diz é o seguinte: Caim: “trouxe do fruto da terra uma oferta” (Gn 4,3) e não as primícias. Ou seja, apenas cumpriu um ritual para assegurar a colheita do ano seguinte.
“Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura (em hebraico: lev = coração)" (Gn 4,4). Abel trouxe o melhor. O único sangue que aparece neste texto é o de Abel (v. 10). Esse texto quer falar de inveja, de ganância e de pessoas que usam a religião em função dos próprios interesses. Não há nenhuma referência a um Deus sanguinário, mas a um homem sanguinário. A tradição popular de Caim e Abel falava do difícil processo de sedentarização dos hebreus, principalmente por causa do Quenitas (Caim) que eram muito violentos.
Trata-se de um conflito entre povos. O pastor é nômade porque a vida dele está nos rebanhos ao qual ele deve acompanhar. O agricultor é sedentário porque toda a riqueza dele está na semente que depositou no solo e que ele defende a qualquer custo. Para o pastor a terra foi doada por Deus a todas as pessoas e quem não partilha a terra está sendo ambicioso.
Vejamos esse mito em três versões:
1) A versão do agricultor: Era uma vez os deuses sumérios Dumuzi, o pastor, que competiu com Enkimdu, agricultor, pelo amor de Inanna. Esta escolheu Dumuzi como marido. Por causa da ambição dela (desejo de trazer o mundo inferior sob seu domínio), Inanna decidiu descer ao mundo inferior, no qual ficou presa. E Enkimdu fez magias pelas quais Inanna foi estabelecida à vida. Entretanto havia uma lei no mundo inferior que ninguém poderia ser devolvido à superfície sem prover um substituto. E Dumuzi, o marido devia substituí-la. Só que Dumuzi não podia ser mantido lá para sempre e voltava a cada primavera. E assim Dumuzi passou a ser considerado Tammuz, responsável pela fertilidade do solo.
2) A versão do Pastor: Era uma vez Caim (EnKimdu) e Abel (Dumuzi) que competiam pelo amor do SENHOR. Parece que o problema não foi a oferta, mas o coração do ofertante. Naquele contexto era impossível conciliar pastores e agricultores, inimigos mortais, pois ovelhas invadiam as plantações, mas o autor bíblico teve a coragem de afirmar: “O pastor (Abel) e o agricultor (Caim) são irmãos”.
Essa narrativa bíblica parece ser do mesmo contexto de Is 56, quando se propõe uma abertura religiosa. Uma época em que os judeus já estão há bastante tempo no exílio da Babilônia. O mais importante para aqueles que estão no estrangeiro é ser luz para as nações e não guerrear com elas. Por isso o autor, do texto de Caim-Abel, no exílio, diz *somos irmãos*. Lembremos que a Babilônia foi acusada de ambiciosa e invejosa (2Rs 20,15). A Babilônia seria Caim e Judá seria Abel.
No processo histórico, o nomadismo veio antes da sedentarização, no entanto, a narrativa nos diz como o SENHOR castigou Caim: “serás fugitivo e errante pela terra. Então, disse Caim ao SENHOR: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará” (Gn 4,12-14).
Então:
a) Aquele que era sedentário se tornou nômade (errante). O inverso (proposital) do processo histórico. Deus estaria dizendo: Caim
(sedentário) seu castigo será viver a vida que você tirou do seu oponente (nômade). Pois, somente se colocando no lugar do outro é que poderá entendê-lo;
b) O texto dá uma dica clara sobre o contexto histórico, perguntemos: para quem “ser lançado para fora da terra” é um castigo insuportável? O judeu fora de Israel. Viver errante é viver no exílio, na diáspora. No final, tanto Abel, quanto Caim, são apenas duas faces da mesma moeda, ou da mesma pessoa.
3) A versão de Jesus: Era uma vez um homem que tinha dois filhos (Lc 15,11). O mais novo "se mandou pelo mundo", e gastou tudo numa vida dissoluta. Depois que a "grana" acabou e os “amigos” sumiram, ele voltou para casa, confiando no amor de seu pai. Este ficou feliz, mandou matar o novilho cevado (o melhor) para o filho. Será que tem alguma coisa a ver com Abel também ter dado o que tinha de melhor? Mas, o filho mais velho, voltando do campo (Lc 15,25, era agricultor) ficou indignado: “nunca mataste um cabrito pra mim?” (Lc 15, 29) (inveja e ambição). E acusou o irmão de gastar o patrimônio da família com prostitutas (Lc 15,30). Exagero muito comum aos judeus mais rigorosos, acusar os judeus da Diáspora e os gentios em geral de idólatras (= prostituição). A primeira parte da parábola apenas afirma que o filho mais novo foi dissoluto, que os amigos só duraram enquanto a grana durou e que ele sofreu muito. Mesmo assim o pai quer bem aos dois por igual.
A parábola do Filho pródigo deve ser estudada no contexto das outras duas parábolas dos perdidos: a ovelha e a moeda. O contexto é de um debate entre Jesus e alguns escribas Lc 14. O evangelista quer mostrar que Jesus contou algumas parábolas para explicar seus argumentos aos opositores. Jesus aproxima-se dos pecadores porque esta é a vontade do Pai Criador. Esta vontade já estava expressa na releitura bíblica dos mitos antigos e nas Escrituras dos Judeus.
O texto de Caim e Abel é um mashal para dizer aos judeus da época que os babilônicos ou qualquer outro adversário deve ser considerado irmão. É verdade que há violência entre as pessoas, mas Deus nos fez irmãos e não inimigos eternos como afirmava o mito antigo.
Bem, os três textos falam de conflitos e discórdias. O texto de Gn não é apenas a versão pastoril. O SENHOR ama Caim e ama Abel, só que a ferta de Caim não valeu, pois não veio do coração. Não adianta só cumprir um ritual. O filho mais velho do texto de Lc também cumpre tudo (Lc 15,29) e não ama, nem uma vez pronuncia a palavra PAI.
Os dois textos bíblicos dizem: somos irmãos. Deus não quer guerra entre pastores e agricultores, eles não são inimigos, são irmãos. IRMÃO, palavra mais repetida no texto de Caim e Abel. Deus não quer guerra entre as etnias, nações e religiões. Jesus não quer a discórdia entre seu seguidores e o povo a que ele pertence (Lc 15,1-2).
* Aíla L. Pinheiro de Andrade é membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica. Leciona na Faculdade Católica de Fortaleza e em diversas outras faculdades de Teologia e centros de formação pastoral.
Fonte: Blog da Nova Jerusalém
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O silêncio
Verdadeiramente “o silêncio engravida as palavras”. Pois quando damos a oportunidade a Deus e também a nós mesmos de responder no nosso silêncio, percebemos o quanto queremos ser os donos da verdade, enquanto nos escondemos de nós mesmos, da nossa própria realidade, porque não temos coragem de encarar a dura realidade de nossos limites e paixões.
O silêncio nos põe frente à nossa própria realidade e também diante do olhar perscrutante de Deus. Não há como esconder-se quando se silencia, não só a boca, mas, sobretudo, o coração. No barulho encontramos sempre justificativas e desculpas para o nosso medo de olhar para nós mesmos. Até mesmo a oração e a disciplina podem tornar-se apenas fuga daquilo que o silêncio pode me dizer da minha vida, meus relacionamentos (comigo mesmo, com Deus e com o outro). Obviamente, não se cresce na vida de oração. A ascese torna-se infecunda e cansativa; mais um fardo que libertação.
É uma arte estar atento e dialogar consigo mesmo, com seus desejos mais profundos, com suas fraquezas e paixões, por vezes reprimidas. No entanto, temos um aliado fundamental nesta caminhada de crescimento na vida espiritual: o amor de Deus. É o amor de Deus que me faz olhar para mim mesmo com correta estima, sem julgamentos e com tranquilidade. Quando nos sentimos profundamente amados por Deus, pouco ou nada nos importa o que os outros pensam de mim, pois, a consciência repousa na paz que brota da certeza de que somos aceitos por Deus exatamente como somos.
Por causa desta justa estima de si, somos capazes de acolher e aceitar nossos limites e pecados com serenidade, porque isso não diminui em nada a certeza do amor infinito de Deus por nós, mas esses mesmos limites transformam-se em base para a construção de uma espiritualidade sólida e realista, bem humana. Com isso, até nossos relacionamentos são enriquecidos. Porque aceitamos a nós mesmos, tornamo-nos capazes de aceitar e respeitar a particularidade do outro. As amizades são fortalecidas à medida que fortalecemos nosso relacionamento com Deus. O nosso coração se abre ao outro à medida que me abro a Deus e viceversa. Eu me abro a Deus à medida que amadureço nas minhas amizades.
O coração é educado na escola do amor. Ao doar-se, se abre também para receber o “dom” e “mistério do outro”. E isso não se dá nos cumes da santidade, mas no cotidiano das relações com aqueles que Deus nos dá a oportunidade de conviver. Preciso descer até o mais profundo de mim se quero subir até os cumes do céu. É na realidade de quem sou que Deus vai construindo seu santuário.
Assim, a virtude que sustenta o homem neste caminho é a humildade. Pois a humildade é o conhecimento de quem verdadeiramente sou: minhas potencialidades e limitações. É não ser o centro da existência própria nem da de qualquer outro. É caminhar aprendendo com o outro e contribuindo também para que o outro cresça, com a certeza de sempre estar debaixo do olhar de Deus, que me ama exatamente como sou. É não ter a pretensão de possuir a verdade, mas estar aberto a compreendê-la em todas as circunstâncias, onde quer que ela se apresente à alma.Fonte: Noviciado Nova Jerusalém
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011
tríduo em preparação ao mês bíblico
Participe do tríduo em preparação ao mês bíblico nos dias 24, 25 e 26 de agosto. Na Matriz de Cristo Redentor após a Missa das 19h no Salão Paroquial e nas Capelas iniciando às 19h.
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terça-feira, 23 de agosto de 2011
Vida consagrada nasce da escuta da Palavra de Deus, diz Papa
Bento XVI visita religiosas do Mosteiro de El Escorial, na cidade de São Lourenço de El Escorial, na Espanha
No segundo dia da visita do Papa Bento XVI a Madri, na Espanha, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Santo Padre se encontrou com jovens religiosas do Mosteiro da cidade de São Lourenço de El Escorial e agradeceu a fidelidade de cada uma, à vocação que elas receberam. "Cada carisma é uma palavra evangélica que o Espírito Santo recorda à sua Igreja (cf. Jo 14, 26). Não é em vão que a vida consagrada «nasce da escuta da Palavra de Deus e acolhe o Evangelho como sua norma de vida", ressaltou.
Bento XVI refletiu sobre a radicalidade evangélica como um testemunho de vida diante do relativismo da sociedade atual. "A radicalidade evangélica é estar «enraizados e edificados em Cristo, e firmes na fé» (cf. Col 2, 7), que, na vida consagrada, significa ir à raiz do amor a Jesus Cristo com um coração indiviso, sem nada antepor a esse amor".
Recordando suas palavras na mensagem para esta JMJ, o Santo Padre afirmou que o mundo vive uma espécie de "eclipse de Deus", uma "amnésia" ou até mesmo "rejeição do cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida, com o risco de se perder a própria identidade profunda".
Diante dessas circunstâncias, o encontro pessoal com Cristo, que alimenta a vida consagrada adquire uma especial relevância e "deve revelar-se, com toda a sua força transformadora".
Radicalidade evangélica
Bento XVI explicou que a radicalidade evangélica se exprime "na missão que Deus vos quis confiar". "Desde a vida contemplativa que, na própria clausura, acolhe a Palavra de Deus em silêncio eloquente e adora a sua beleza na solidão por Ele habitada, até aos mais diversos caminhos de vida apostólica, em cujos sulcos germina a semente evangélica na educação das crianças e jovens, no cuidado dos doentes e idosos, no acompanhamento das famílias, no compromisso a favor da vida, no testemunho da verdade, no anúncio da paz e da caridade, no trabalho missionário e na nova evangelização, e em muitos outros campos do apostolado eclesial", explicou.
O Papa ressaltou que este é o "testemunho de santidade" a que Deus chama os consagrados. "Seguindo de perto e incondicionalmente Jesus Cristo na consagração, na comunhão e na missão. A Igreja precisa da vossa fidelidade jovem, arraigada e edificada em Cristo".
Após o encontro com as religiosas o Santo Padre se encontrou com jovens professores universitários na Basílica de São Lourenço de El Escorial, onde fez um discurso.
Fonte: Canção Nova Notícias
Jubileu de Prata do superior o IRNJ
Na última sexta(12) celebramos o jubileu de prata de vida religiosa do superior do Instituto Religioso Nova Jerusalém e pároco de Cristo Redentor: Pe. Helton Maia, NJ.
A celebração aconteceu na Igreja Matriz de Cristo Redentor e contou com a presença de representações das várias comunidades de nossa paróquia. Concelebrando estavam: Pe. Lauro, NJ e Frei Santiago Sánchez, OAR; O Evangelho foi proclamado pelo Diácono Paulo Henrique, NJ e o serviço do altar pelo Diácono Marcelino, NJ, ambos da Paróquia Menino Jesus - Conjunto Industrial. Ao final da Celebração aconteceram as homenagens feitas por: Sr. Ernani(Comunidade de Goiabeiras, hoje, Área Pastoral da Barra do Ceará), Carmelita Freire(Capela Nossa Senhora Aparecida), Alcides e Lina(Vila Santo Antônio), Aparecida(Paróquia de São José - Vespasiano MG) e pela Nova Jerusalém, Ir Aila, NJ.
Assunto:
Nova Jerusalém
sábado, 6 de agosto de 2011
Espinhos temporais
havia pétalas por toda parte, rosa desfolhada, à dor se entregou.
como juntar suas partes? estava inundada, arrasada, estava sem reação.
preferiu esquecer a verdade, para não sofrer.
confuso sentimento, desprezando a humildade do recomeço.
a chegada das lágrimas, purificadoras, foram usadas de forma errada.
Espinhos nunca foram boa companhia. mas a rosa deveria saber que
só enquanto respirar precisaria dos espinhos para manter-se essência.
malditas escolhas, miseráveis sentimentos das flores, tão filauciosas.
preferiu perder parte de si, do que conviver com os espinhos.
será covardia? morrerá só, seca, afinal, todas as rosas têm espinhos,
e por mais que os arranquemos, sempre crescerão.
e o mais provocante é saber que as pétalas murcharão,
as folhas apodrecerão, mas os espinhos sempre estarão lá.
sempre faltará algo se aqueles espinhos ali não estiverem.
DEUS? sim, dessa forma Ele quis, para que nosso caminho
cercado por rosas de espinhos, não se desviasse.
pobre rosa, compadeci-me,
ainda não sabe que se ela perder os espinhos,
deixa de ser rosa.
Assunto:
espiritualidade,
partilhas
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Eu miserável perdido em Teu imenso Amor
Não consigo compreender como um Deus tão imenso se abaixe tanto a mim!Eu tão pobre e miserável, com tantos defeitos,mas amado por Deus... Alegria Verdadeira sei que posso encontrar. Conforto,porto seguro,sustento nos meus passos fracos, só nEle posso repousar e descansar! Quero corresponder ao teu amor Senhor, ensina-me a ser mais Teu e menos meu, ensina-me a doar-me mais ao meu irmão!
Que nos meus tantos medos e fraquezas Tua Glória seja revelada!Teu povo necessita ser atraído a Ti, mas parece loucura, Tu atrais os mais fracos para evangelizar aqueles que não te conhecem. Agora compreendo “que quando estou fraco, então, sou forte”. (Cf. 2Co 12.10), pois na minha limitação Amado Jesus, Amável Juiz, tu vais se utilizando para fazer os teus feitos.Aquilo que tu tens permitindo que aconteça são apenas aprendizagem, na Tua escola, para que futuramente os muitos que vierem a mim com as mesmas dificuldades eu possa acolhe-los e reanimá-los.Amado Jesus quero aprender a lição!Que o Teu Espírito Santo seja meu auxílio e que jamais esmoreça diante da caminhada, quero unido a Ti está sempre.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Catequese de Bento XVI sobre a leitura da Bíblia
Fonte: Canção Nova Notícias
Queridos irmãos e irmãs!
Estou muito contente de ver vocês aqui na praça de Castel Gandolfo e de retomar as audiências interrompidas no mês de julho.
Eu gostaria de continuar com o tema que iniciamos, isto é, uma “escola de oração”, e que, hoje, de modo um pouco diferente, sem nos distanciarmos do tema, assinalar alguns aspectos de caráter espiritual e concreto, que me parecem úteis não só para quem vive em certas partes do mundo um período de férias de verão , como nós [na Europa], mas também para todos aqueles que estão empenhados no trabalho cotidiano.
Quando temos um momento de pausa em nossas atividades, de modo especial durante as férias, normalmente pegamos nas mãos um livros que desejamos ler. E é justamente sobre este aspecto que gostaria hoje de destacar.
Cada um de nós tem necessidade de um tempo e um espaço para se recolher, meditar, se acalmar... Graças a Deus é assim!
De fato, esta experiência nos mostra que não somos feitos só para trabalhar, mas também para pensar, refletir, ou simplesmente para seguir com a mente e com o coração uma história, uma história que nos coloca de um certo modo “perdidos” para depois nos re-encontrarmos enriquecidos.
Naturalmente, muitos desses livros de leitura que pegamos durante as férias são, na sua maioria, para “fugir” [da realidade] e isso é normal. Entretanto, várias pessoas, particularmente aquelas que podem ter um espaço de pausa e de relaxamento prolongado, se dedicam a ler algo mais empenhativo.
Gostaria agora de fazer uma proposta: por que não descobrir alguns livros da Bíblia que normalmente não são conhecidos? Ou aqueles que talvez escutamos qualquer pedaço durante a Liturgia, mas que jamais lemos por inteiro?
Na realidade, muitos cristãos nunca leram a Bíblia e tem um conhecimento muito limitado e superficial. A Bíblia – como diz o nome – é uma coleção de livros, um pequena “biblioteca”, nascida com o passar de um milênio.
Alguns desses livrinhos que a compõe permanecem quase que desconhecidos para a maior parte das pessoas, também para bons cristãos. Alguns são bem breves, como o “Livro de Tobias”, um livro que contem um sentido muito alto de família e de matrimônio; o Livro de Ester, no qual a rainha judia, com a fé e a oração, salva seu povo do extermínio. Ou ainda um mais brevre: o Livro de Rute, uma estrangeira que conhece Deus e experimenta sua providência. Estes pequenos livros podem ser lidos por inteiro em uma hora.
Mais desafiadores, e verdadeiras obras primas, são: o Livro de Jó, que aborda a grande problemática da dor do inocente; o Eclesiastes que debate a desconcertante modernidade na qual coloca em discussão o sentido da vida e do mundo; e o Cantico dos Canticos, estupendo poema simbólico do amor humano.
Como vocês podem ver, estes são todos livros do Antigo Testamento. E o Novo? Certo, o Novo Testamento é mais conhecido e são gêneros menos diversificados. Porém, a beleza de ler um Evangelho completo é a descoberta, bem como recomento os Atos dos Apóstolos ou uma das Cartas.
Em conclusão, queridos amigos, hoje, quero sugerir de ter em mãos, durante às férias ou nos momentos de pausa, a santa Bíblia, para apreciá-la de modo novo, lendo subsequentemente alguns de seus Livros, aqueles menos conhecidos e também aqueles mais notáveis, como o Evangelho, mas uma leitura contínua.
Fazendo assim, os momentos de descanso podem-se tornar, além de um enriquecimento cultural, também um nutrimento do espírito, capaz de alimentar o conhecimento de Deus e o diálogo com Ele, na oração.
Esta parece ser uma uma boa ocupação para as férias: pegar um livro da Bíblia tendo um momento de descontração e, ao mesmo tempo, entrar no grande espaço da Palavra de Deus e aprofundar nosso contato com o Eterno, justamente como propósito do tempo livre que o Senhor nos dá.
Queridos irmãos e irmãs!
Estou muito contente de ver vocês aqui na praça de Castel Gandolfo e de retomar as audiências interrompidas no mês de julho.
Eu gostaria de continuar com o tema que iniciamos, isto é, uma “escola de oração”, e que, hoje, de modo um pouco diferente, sem nos distanciarmos do tema, assinalar alguns aspectos de caráter espiritual e concreto, que me parecem úteis não só para quem vive em certas partes do mundo um período de férias de verão , como nós [na Europa], mas também para todos aqueles que estão empenhados no trabalho cotidiano.
Quando temos um momento de pausa em nossas atividades, de modo especial durante as férias, normalmente pegamos nas mãos um livros que desejamos ler. E é justamente sobre este aspecto que gostaria hoje de destacar.
Cada um de nós tem necessidade de um tempo e um espaço para se recolher, meditar, se acalmar... Graças a Deus é assim!
De fato, esta experiência nos mostra que não somos feitos só para trabalhar, mas também para pensar, refletir, ou simplesmente para seguir com a mente e com o coração uma história, uma história que nos coloca de um certo modo “perdidos” para depois nos re-encontrarmos enriquecidos.
Naturalmente, muitos desses livros de leitura que pegamos durante as férias são, na sua maioria, para “fugir” [da realidade] e isso é normal. Entretanto, várias pessoas, particularmente aquelas que podem ter um espaço de pausa e de relaxamento prolongado, se dedicam a ler algo mais empenhativo.
Gostaria agora de fazer uma proposta: por que não descobrir alguns livros da Bíblia que normalmente não são conhecidos? Ou aqueles que talvez escutamos qualquer pedaço durante a Liturgia, mas que jamais lemos por inteiro?
Na realidade, muitos cristãos nunca leram a Bíblia e tem um conhecimento muito limitado e superficial. A Bíblia – como diz o nome – é uma coleção de livros, um pequena “biblioteca”, nascida com o passar de um milênio.
Alguns desses livrinhos que a compõe permanecem quase que desconhecidos para a maior parte das pessoas, também para bons cristãos. Alguns são bem breves, como o “Livro de Tobias”, um livro que contem um sentido muito alto de família e de matrimônio; o Livro de Ester, no qual a rainha judia, com a fé e a oração, salva seu povo do extermínio. Ou ainda um mais brevre: o Livro de Rute, uma estrangeira que conhece Deus e experimenta sua providência. Estes pequenos livros podem ser lidos por inteiro em uma hora.
Mais desafiadores, e verdadeiras obras primas, são: o Livro de Jó, que aborda a grande problemática da dor do inocente; o Eclesiastes que debate a desconcertante modernidade na qual coloca em discussão o sentido da vida e do mundo; e o Cantico dos Canticos, estupendo poema simbólico do amor humano.
Como vocês podem ver, estes são todos livros do Antigo Testamento. E o Novo? Certo, o Novo Testamento é mais conhecido e são gêneros menos diversificados. Porém, a beleza de ler um Evangelho completo é a descoberta, bem como recomento os Atos dos Apóstolos ou uma das Cartas.
Em conclusão, queridos amigos, hoje, quero sugerir de ter em mãos, durante às férias ou nos momentos de pausa, a santa Bíblia, para apreciá-la de modo novo, lendo subsequentemente alguns de seus Livros, aqueles menos conhecidos e também aqueles mais notáveis, como o Evangelho, mas uma leitura contínua.
Fazendo assim, os momentos de descanso podem-se tornar, além de um enriquecimento cultural, também um nutrimento do espírito, capaz de alimentar o conhecimento de Deus e o diálogo com Ele, na oração.
Esta parece ser uma uma boa ocupação para as férias: pegar um livro da Bíblia tendo um momento de descontração e, ao mesmo tempo, entrar no grande espaço da Palavra de Deus e aprofundar nosso contato com o Eterno, justamente como propósito do tempo livre que o Senhor nos dá.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
São Rafael Arnáiz, Padroeiro da JMJ, e o silêncio
“Só no silêncio de tudo e de todos encontro a paz de teu amor”.
“Jesus necessita de almas que em silêncio Lhe escutem”.
“Deus…que no silêncio fala ao coração”.
“Solidão e silêncio são imprescindíveis para a oração”.
“Tantas verdades que só com o silêncio se chegam a compreender…”.
“O Trapista está enamorado de seu silêncio como o marinheiro está do mar”.
“Com o pensamento na Virgem, se refugia no silêncio”.
“No silêncio e na oração podemos fazer mais que com todo o ruído de palavras”.
“O melhor é o silêncio, amar e calar”.
“O silêncio que oferecemos é por Dios”.
“Na paz e no silêncio minha alma se abandonava a Deus”.
“Calemos a tudo para que no silêncio ouçamos os sussurros do Amor”.
“Jesus necessita de almas que em silêncio Lhe escutem”.
“Deus…que no silêncio fala ao coração”.
“Solidão e silêncio são imprescindíveis para a oração”.
“Tantas verdades que só com o silêncio se chegam a compreender…”.
“O Trapista está enamorado de seu silêncio como o marinheiro está do mar”.
“Com o pensamento na Virgem, se refugia no silêncio”.
“No silêncio e na oração podemos fazer mais que com todo o ruído de palavras”.
“O melhor é o silêncio, amar e calar”.
“O silêncio que oferecemos é por Dios”.
“Na paz e no silêncio minha alma se abandonava a Deus”.
“Calemos a tudo para que no silêncio ouçamos os sussurros do Amor”.
Assunto:
espiritualidade,
mística,
santos
DEUS usa a solidão..'
Encontrei esse belo texto no blog do ferdyfonseca. Uma pessoa muito cheia de Deus,além de um profundo amante das coisas do céu. Esse texto fala um pouco com se encotra meu coração! Boa Leitura!
Há semanas que tenho dormido bem, sem insônia, sem sentir falta de nada nem ninguém..
Penso primeiramente que, enfim, DEUS decidiu que era a hora certa pra eu começar a ser feliz.
E após esse interessante pensamento me vem à mente que talvez, e só talvez, eu esteja feliz porque nas últimas semanas eu não tive tempo de me dedicar na busca incessante
e frustrante da resolução definitiva de todos os meus problemas juvenis..
focando-me apenas nas almas que JESUS, o Cordeiro de DEUS, espera que eu ame.
e frustrante da resolução definitiva de todos os meus problemas juvenis..
focando-me apenas nas almas que JESUS, o Cordeiro de DEUS, espera que eu ame.
Bem, de qualquer forma, prefiro pensar que o Retiro de Conversão do Grupo de Oração Cordeiro de DEUS desse final de semana, foi a forma com que o Bom DEUS me fez perceber que eu só consigo encontrar o equilíbrio quando esqueço de mim pra fazer alguém mais feliz que eu..
É meio paradoxal essa história de só conseguir ser feliz quando não se busca a própria felicidade, mas é assim que funciona.. ela só vem quando não a buscamos loucamente..
Nesses dias que passaram não busquei a felicidade, busquei somente a DEUS,
e como um milagre, fui sempre jubilante em tudo o que fazia..
sentia prazer em me gastar pela Igreja de uma forma que nunca senti..
E nessa noite fria, quieto, pensando naqueles que eu amo - no que fazem, em que estão se tornando, o que estou perdendo em suas evoluções - lembro de quanto tempo eu perdi amando da forma errada,
enquanto eu deveria me dedicar aos que mais precisam do colo de DEUS.
E assim vou aprendendo a dar valor àqueles que estão ao meu redor..
Sozinhos conhecemos aqueles que sentem nossa falta. Sozinhos aprendemos a distinguir aqueles que sempre nos amaram, daqueles que sempre usaram de nós para não encararem a solidão necessária ao amadurecimento. Sozinhos estamos mais abertos a saciar nosso vazio em DEUS. Sozinhos conhecemos até onde vai a nossa carência. Sozinhos nos conhecemos.. porque DEUS não nos tira as coisas, mas sim, nos livra delas para que possamos nos conhecer, nos amar a assim conhece-lO e amá-lO também.
DEUS usa a solidão para nos ensinar sobre a verdadeira amizade.
Quando nos colocamos longe de tudo e de todos, mesmo que só de coração, descobrimos que sentimos falta de quem menos imaginávamos e que uma ou outra pessoa da qual tínhamos a certeza que não viveríamos sem, não faz tanta falta assim..
Fazendo a experiência do nada damos a chance de DEUS reconstruir nossa vida e nossa história do zero.. afinal, não tem como construir uma casa em cima de um monte de entulho.
É necessário esvaziar-se, purificar-se, livrar-se de tudo aquilo que é excesso
e te atrapalha ver a Nosso Senhor..
E em relação a amizade, percebemos que quando temos um amigo verdadeiro, nunca nos sentimos sozinhos.. mesmo longe, mesmo impossibilitado, mesmo incomunicável.. um amigo de verdade nunca se permite estar ausente.
Sentir saudades é diferente de sentir-se abandonado..
e quando há abandono, não há sentimento.
JESUS soube bem o que é isso quando ultrapassou o limite da solidão, experimentando o abandono do PAI, e a ausência total de Sua Presença e de Seu Amor para com Ele.
Estar sozinho não significa ser infeliz.
Mas sim, uma oportunidade dada pelo ESPÍRITO SANTO de amar a todos sem aprisionar.
Vivo dias de espera, de sacrifício, de serviço contante.. e de solidão.
Portanto, esse é o momento de eu encontrar aquele tipo de cura e de paz que só podem vir da experiência do amor de DEUS através da solidão e do abandono de todas as criaturas.
Que JESUS, o Esposo Adorado, abrase todos os corações que desejam a irmã solidão como companheira de exílio, que temem chegar ao fim e só encotrar o silêncio de uma vida sem DEUS, e tudo o que faltou ser..
seu irmãozinho, †M
Assunto:
espiritualidade,
jovens